Mas eu jurava mesmo! Eu jurava mesmo que eu ia conseguir fazer um post por mês aqui contando sobre o meu tratamento com Isotretinoína… Tola eu. Acabei de reler as outras publicações que fiz, falando sobre o início do tratamento, meus sintomas, a vontade de escrever sempre, e tudo mais. Simplesmente, perdi totalmente a vontade de fazer isso. Uma coisa que me propus a fazer e não consegui.
No último post, eu estava no 3º mês, entrando no 4º. Ontem, comecei a sétima caixa de remédio. Rumo ao final do tratamento, já que fui informada pela dermatologista que seriam de 8 a 10 meses.
Vem sendo um BAITA desafio passar por esse tratamento numa época em que respirar no Brasil está difícil. Como eu já mencionei algumas vezes, o clima seco do interior de São Paulo (onde eu moro) piora a situação de quem faz tratamento com Isotretinoína, já que as mucosas ficam ressecadas.
Não é difícil perceber que o clima não está nada bom ou agradável na maior parte do país. É só olhar pro céu e ver que faz tempo que ele não fica mais azul, aquele azul vívido. Por aqui, ele amanhece esbranquiçado, chega a pegar uma corzinha pela tarde, mas é um azul sem saturação, claro demais, quase branco.
O pôr do sol já não tem mais aquelas cores lindas em degradê de amarelo, rosa, laranja, roxo, até ficar um azul escuro intenso. Simplesmente fica amarelado, alaranjado, e o sol querendo brilhar em meio a tanta fumaça e poluição. Ele se despede enorme, vermelho, você consegue olhá-lo sem arder os olhos. Não dá para negar que é bonito, mas quando você sabe porque o sol está assim, passa na hora a sensação de “que bonito”.
Para tentar driblar toda essa secura ocasionada pelo remédio, mas também pelo clima, estou bebendo MUITA água, mas eu bebo água direto. Hoje, pela manhã, fazendo a higiene do nariz no banho, ele sangrou bastante, mais do que das outras vezes. E essa é uma situação que me deixa bem chateada no tratamento. É claro que esse sangramento está intensificado pela ação do clima. Mas é um saco!
Antes de ir para minha sétima consulta com a dermatologista, bateu uma forte crise de ansiedade. É o que tem acontecido ultimamente comigo. Mesmo tendo essas crises (durante o dia, durante a tarde, durante a noite – em intensidades diferentes), estou sabendo lidar. É difícil, mas estou sabendo lidar. Respiro fundo e continuo. Choro, enxugo as lágrimas e continuo.
Acho que faz uns dois meses que minha terapeuta me deu alta, porque realmente eu estava bem controladinha, com meu humor não tão oscilante. Mas, é MUITA coisa na cabeça, que já aconteceu, que tem acontecido, e eu me cobro demais. É difícil, você talvez não tenha noção do que é sentir essas coisas. Talvez seja a hora de eu voltar para a terapia?
Na última consulta com a dermatologista, fui totalmente sem maquiagem para ela ver bem como minha pele está. E foi aí então que ela não gostou muito do que viu. Quero dizer no sentido de como está acontecendo a cicatrização. “Já vamos entrar no sétimo mês, era para estar melhor!”. Fiquei um pouco chateada com isso. De fato, minha pele melhorou muito em relação ao começo do tratamento. Não nascem mais espinhas inflamadas, porém a acne foi tão intensa que a cicatrização está sendo prejudicada e só o Roacutan não dará conta.
Isso quer dizer que eu terei de fazer um outro tratamento estético. Ela me recomendou o microagulhamento com PDRN (eu ainda não pesquisei sobre, e por isso, não vou escrever nada aqui). Eu sabia que teria de fazer alguma coisa a mais pós isotretinoína, mas pensei que só um peeling poderia resolver. Parece que não. Parece que foi muito mais intenso do que imaginávamos.
E tá sendo, e tem sido. Todos os sintomas que eu citei em outros posts estão intensificados. O ressecamento dos lábios é complicado. A pele do meu corpo todo está ressecada e eu me lambuzo de creme e óleo corporal todos os dias. Tem vezes que eu esqueço ou estou atrasada para o trabalho e, quando eu olho para o meu braço, está descamando, igual quando você pega muito sol.
Eu achei que os sintomas físicos seriam tranquilos, mas não estão sendo. Muito menos os psicológicos. É horrível olhar no espelho e não se reconhecer. Tem dias que eu me sinto um lixo, o próprio cocô do cavalo do bandido, tem dias que eu me sinto maravilhosa. Como pode isso acontecer? Eu me questiono. Eu me questiono e me cobro, “mas você estava se sentindo um lixo hoje de manhã e agora, pela tarde, está se sentindo uma gostosa?”. Como assim, sabe? Umas coisas que nunca aconteceram comigo, não dessa forma.
Tem vezes que eu fico extremamente intropesctiva durante o dia, do nada. E eu já sou muito, normalmente, sempre fui. Mas agora é tudo mais intenso. TUDO. Eu quero escrever, eu quero selecionar foto, eu quero editar foto, eu quero sair para caminhar, eu quero colocar em prática alguns projetos que eu tenho em mente, mas simplesmente não consigo. E isso já foi pauta na terapia. Não consigo levar à frente algumas coisas minhas. Eu começo e paro do nada, esqueço, não quero saber. Ou eu nem começo, porque não está perfeito, do jeito que eu quero.
Tenho sentido muito mais vontade de comer doce, vontade de estar mastigando alguma coisa, comendo alguma coisa durante o trabalho, engordei de novo e fico muito chateada de não estar entrando mais em certas roupas, tenho tido pesadelos frequentes (alguns lembro, outros não), tenho esquecido coisas com mais facilidade, tenho estado muito mais irritada com coisas pequenas, tenho ficado doente com mais frequência (é tosse, resfriado, garganta doendo…), um cansaço me consome todos os dias e estou muito mais apática, com uma dificuldade enorme de demonstrar emoções, sentimentos ou entusiasmo.
Completei 35 anos, agora, em setembro. A ansiedade bateu forte demais antes do meu aniversário e no dia do meu aniversário. Bizarro. Muita coisa envolvida. Só quem está dentro da minha cabecinha (no caso, EU MESMA) pode entender (ou não).
As pessoas me dizem que é assim mesmo, que estou passando por uma fase difícil, um tratamento complexo que causa essas alterações psicológicas, que minha pele já está muito melhor, que vai passar, que isso, que aquilo. EU SEI DE TUDO ISSO. Mas quem diz que eu aceito? Quer dizer, eu aceito. Às vezes. Ainda assim, é bom ouvir coisas boas. É bom ouvir que minha pele está melhorando, mesmo não gostando muito de ver a pessoa falando isso, porque se falou, é porque está olhando demais para minha acne. Ainda assim, é bom ouvir uma palavra de conforto, um elogio. Já elogiou alguém hoje?
Nesse exato momento, estou chorando. Li outro dia uma ótima frase: “escrevendo me sinto como meu próprio objeto de estudo”. Como eu amo escrever. Isso me traz uma paz, nada melhor que escrever. Nada melhor que escrever qualquer coisa. Nem que seja uma só palavra no notas do celular, que veio à mente durante o dia, que mais tarde possa virar um poema, um textão, qualquer coisa.
Escrever me faz bem. Mas como eu disse, tem dias que eu não consigo. Não quero fazer nada. Olha o tanto de tempo que fiquei sem vir aqui.
Outras coisas têm me alegrado um pouco. Comecei a praticar yoga, de graça, pela Prefeitura. Conto os dias da semana para que a quinta-feira chegue logo e eu possa meditar, dar umas risadas, fazer umas poses muito loucas e relaxar ao som de uma flauta que a professora está tocando. Isso tem realmente me feito um bem danado. Ir dirigindo sozinha (mesmo odiando dirigir) para o yoga, para o pilates, ouvindo minhas músicas, também me faz bem. Estar sozinha, comigo mesma, me faz bem, ainda que a cabeça esteja sempre a milhão.
(acabei de arrancar uma pelinha do lábio e estou sentindo o gosto do sangue)
Tenho fotografado mais e estado cada vez mais imersa nesse meio que eu tanto amo. Fui selecionada para uma exposição, vi minha foto exposta e fiquei tão feliz que nem sei descrever essa sensação aqui.
Sabe o que me deixou feliz outro dia? A chuva que, finalmente, caiu aqui na cidade. À noite, quase de madrugada. Fiquei que nem criança olhando pela janela o vento, os trovões e os relâmpagos, e aquela chuvarada caindo. Depois fui olhar minhas plantas na varanda e como elas estavam balançando todas molhadas, tomando um banho bom.
São exatamente 03:00 da manhã e estou escrevendo tudo isso. Não, eu não estou com insônia. Eu estou com sono, cansada, cansada de tudo. Se eu parar de escrever e encostar a cabeça na almofada, eu durmo. Eu durmo muito fácil e o remédio tem me deixado com mais sono ainda. Mas aqui estou, me forçando a escrever.
Eu só queria fechar os olhos, dormir bem e acordar sem acne, sem mancha, sem cicatriz nenhuma no rosto. Olhar no espelho e me sentir bela. Voltar a ter a pele lisa que eu tinha. É pedir muito? Eu só queria que uns pensamentos ruins fossem embora.
Eu sei que meus posts acabam chegando nas pessoas pelo Google. Se você chegou até aqui, curioso sobre o tratamento, lembre-se que isso tudo é um relato pessoal, uma forma que eu tenho de desabafar no meu canto na internet sobre as coisas que eu venho sentindo. Todo mês eu assino vários papéis que descrevem uma porrada de sintomas que esse remédio causa, a bula do capeta. Mas isso não quer dizer que eu vá manifestar todos.
De tudo o que eu já li e vi sobre a isotretinoína, percebo que cada pessoa passa pelo tratamento de uma forma diferente. E aqui está sendo assim. Bem difícil. De fato, é um remédio que mexe demais com o organismo em todos os sentidos, acaba te despertando alguns gatilhos, algumas coisas que estavam guardadas e você nem sabia.
Seguem fotos anexas de como minha acne regrediu com o tratamento de isotretinoína e veja também os produtos que tenho usado no dia a dia.
-Não registrei o mês de julho (provavelmente porque não queria olhar no espelho, muito menos fazer foto).
Quando vejo a evolução nas fotos, fico mais calma. Mas ainda assim está complicado, se é que você me entende. Abaixo, os produtinhos que tenho usado. Entre loções e óleos corporais, uso mais o óleo, pois acho mais fácil de passar. Inclusive, acabou. Fui comprar um Paixão e acabei pegando o pote errado (veio loção). Voltarei à farmácia em breve.
É isso. Eu “falo” demais.
Espero estar melhor (em todos os sentidos) na próxima vez que eu voltar aqui.
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